Postado originalmente em 22/09/2015:
Nunca conheci quem tivesse levado
porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas
vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente
sujo,
Eu, que
tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que
tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho
enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho
sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho
sofrido enxovalhos e calado,
Que quando
não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho
sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho
sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho
feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que,
quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da
possibilidade do soco;
Eu, que tenho
sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico
que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um
ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi
senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que
confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse,
não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são
todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste
largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes,
meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há
gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
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