Postado originalmente em 31/12/2015:
Sim tempos
difíceis e tempos alegres marcaram este ano, contudo creio que o mais
importante neste último dia de 2015 seja a reflexão acerca do que deixamos no
decorrer do ano. Assim desejo a todos um feliz 2016 e ao mesmo tempo convido-os
para uma reflexão de tudo o que vivemos até aqui. Não importa o quão tudo possa
ter sido ruim ou bom. Vamos nos alegrar e agradecer a Deus por tudo, pois só
assim poderemos de fato nos tornarmos pessoas melhores.
E mais:
segue um poema que achei bem interessante de Mário Quintana sobre o ano novo e
o ano velho:
No ano passado
No ano passado...
Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:
"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".
Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.
Mario Quintana
Foto: hdfondos.eu
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